terça-feira, 6 de junho de 2017

Ghost in the Shell 2: Man-Machine Interface



Masamune Shirow (2005). Ghost in the Shell 2: Man-Machine Interface. Milwaukie: Dark Horse Comics.

Ghost in the Shell original surpreende e aguenta o teste do tempo, como aventura cyberpunk bem humorada. A consciência humana que anima o corpo robótico da Major Kusanagi oscila entre acção pura e a consciência de ser um ser cuja humanidade se resume à sua consciência dentro de um corpo mecânico, num mundo onde a interligação homem-máquina é cada vez mais prevalente.

Ghost in the Shell 2 - Man-Machine Interface não é a continuação direta do primeiro, vai muito mais longe numa história onde outra operacional da agência japonesa Secção 9 está ainda mais integrada no mundo digital, capaz de transferir a sua consciência através das redes, distribuir-se por diversos corpos robóticos, e talvez esteja perto de atingir uma forma de transcendência digital.

O tom é de um cyberpunk barroco, muito visível no exagerado estilo visual, que ultrapassa o do mangá original. O traço de Shirow anda a solta, fascinado com a visão do digital que ainda hoje caracteriza a sua iconografia. No entanto, esta obsessão com a estética e mitografia cyberpunk distrai da história. Shirow passa mais tempo a tentar fazer o equivalente em BD das cenas cinematográficas de hackers a invadir sistemas e a lutar no virtual do que a estruturar uma narrativa coerente.