quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Space Race: The Battle to Rule the Heavens



Deborah Cadbury (2006). Space Race: The Battle to Rule the Heavens. Londres: Harper Perennial.

É história, mas lê-se como um romance. A história da era espacial é aqui contada através de duas figuras de charneira, Von Braun e Korolev, focando-se nos seus esforços para abrir o espaço enquanto nova fronteira. Por detrás estão as potentes máquinas políticas e militares da guerra fria, que viram na corrida ao espaço uma forma de desenvolver poderio militar e prestígio político. Uma história que começa nos escombros da Alemanha no final da II Guerra, passa pelo desenvolvimento dos primeiros foguetões capazes de ultrapassar os limites terrestres e das primeiras missões tripuladas, e termina com Neil Armstrong a deixar a primeira pegada humana na Lua.

Necessariamente superficial, o livro não deixa de tocar no passado controverso de Von Braun, na violência da vida de Korolev num sistema opressivo, e as peculiaridades da Guerra Fria. Percebe-se o longo e tortuoso caminho, feito de mais falhanços do que sucessos, até a astronáutica se ter tornado rotineira (mas não cem por cento fiável, como somos recordados sempre que um lançador explode ou falha a órbita). Ler as suas lutas e desventuras é perceber o quanto o sonho de ir ao espaço é incompreendido e tido como inútil, apesar de todo o progresso científico e económico que proporciona. Uma sensação que se mantém hoje, onde os orçamentos para a exploração espacial são muito limitados, e a percepção generalista pende menos para o fascínio da descoberta e mais para a ideia de que é inútil torrar dinheiro em foguetões enquanto na Terra persistem tantos problemas. Opiniões geralmente escritas e partilhadas utilizando dispositivos computacionais dependentes da precisão trazida pelo GPS, dando um pequeno exemplo da incongruência.