sexta-feira, 18 de novembro de 2016

The Art of Space Travel



Nina Allan (2016). The Art of Space Travel. Nova Iorque: TOR.

Tendo como pano de fundo uma expedição a Marte, uma jovem encarregada de limpezas de um hotel de aeroporto procura saber a verdade sobre o seu pai. A sua mãe, antiga cientista espacial, agora demente, em casa, vítima do rescaldo do falhanço da primeira missão marciana, nunca lhe contou quem era o seu pai. A jovem suspeita que poderia ter sido um dos astronautas da missão que se despenhou na superfície marciana, mas a verdade está surpreendentemente perto de si. Com tanto drama pessoal, quase passa despercebida a segunda missão a Marte, cujos astronautas pernoitam no hotel antes de partir para a órbita terrestre.

Vindo de quem vem, não surpreende este tipo de FC em que os seus conceitos e pressupostos sejam o pano de fundo para histórias de drama humano, com personagens de maior profundidade do que se espera no género. Nina Allan é uma das representantes britânicas de uma FC socialmente consciente, progressista, inclusiva, aberta à diversidade cultural e feminista. Deixa para trás alguns dos elementos que são queridos aos fãs. Há por aqui pouco sense of wonder no sentido clássico. No entanto, representa uma necessária evolução do género literário, para que não caia no paradoxo de se assumir como especulativo e progressista enquanto fossiliza nas suas estruturas narrativas.