sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Visões



The Wild Blue Yonder (Werner Herzog, 2005)
"... and I could take in these images raw just as they were recorded by the camera, and I can hear the sound of the wild blue yonder, this was home, to me."

Começamos numa paisagem suburbana de ruínas decadentes, onde um homem de olhar intenso nos informa que é um alienígena. Veio de Andrómeda, sobrevivente de um planeta extinto, e conta-nos as história de como os nossos astronautas conseguiram chegar à sua terra de origem. A entrecortar estes pronunciamentos de delírio, temos imagens reais das zonas mais inóspitas onde o homem chegou: em órbita, com imagens de missões do vai-vém espacial, e dos oceanos antárticos, com mergulhos nas profundezas geladas. Há um forte sentimento de em cima, tal como em baixo, de puro deslumbre com as possibilidades, do explorar das últimas fronteiras da humanidade. O filme que Herzog chama de a science-fiction fantasy é um documentário lírico, elegia ao nosso planeta-berço e ao desejo inesgotável de ir sempre mais além. Vê-se de forma contemplativa, como uma pintura em movimento. Pormenor intrigante: nos créditos finais, o realizador agradece à NASA pelo seu sentido de poesia.